Do autor, pouco sabia: apenas que era futeboleiro – mais tarde fiquei a saber que, além disso, foi mesmo futebolista, oriundo de uma família de jogadores, meus ídolos de infância, e treinadores com história no nosso País – mas isso não é habilitação bastante para publicar um livro. Aliás, quando comprei o Eterno Domingo, fiquei um pouco de pé atrás, ao ler o Prefácio, assinado pelo jornalista José Nunes, onde o livro é apresentado como, “em primeira instância, um ensaio reflexivo sobre o jogo”.
Mas não é. Ao longo de um pouco mais de 200 páginas, Ricardo Namora senta-nos
ao seu lado e viaja connosco. Em oito jornadas, leva-nos a conhecer o futebol
brasileiro, o alemão, o espanhol, o italiano, o inglês, o japonês – e, claro, o
nosso. Numa escrita límpida, simples, leve e bem-disposta, (embora pontuada por
um excesso de parêntesis, que poderia ter evitado), o autor “conversa” connosco
e partilha as suas opiniões sobre o Futebol como desporto e fenómeno social. Enganou-se José Nunes ao classificar de ensaio o livro de
Ricardo Namora. O Eterno Domingo é um
romance que conta a história de um homem que se apaixonou pelo Futebol.
Com os hábitos de leitura que temos, receio que o Ricardo
Namora não enriqueça com a publicação deste livro. Em contrapartida, o leitor,
esse, fica muito mais rico. E esse é o maior elogio que se pode fazer a Eterno Domingo.